quinta-feira, dezembro 14, 2006

Festa OVINI

TELERAMA, K-WAVES, DEAD LEAVES e REIMOSOS Sábado 16/12 R$ 4
Centro Aquariano Av. Santos Dumont 2511 Aldeota. tel 3 2 6 1 8 9 7 6

Sabe que por mim só tocariamos músicas novas. Vamos ver se sai ao menos uma. "Odeie seus amigos" seria legal.

Não me bato com sombras, dizia um certo Padre que foi perseguido pela Bonifácia. Eu pelo menos, tento não me bater. Mas o padre nunca explicou o que fazer quando as sombras nos cercam. As pessoas mais se escondem quando falam em sua própria figura. Uma máscara...e tudo muda. Você pode virar uma flor e um fantasma, assumir tons de preto ou de púrpura, vestir-se de rei ou de palhaço. (Ser um saci, né George?)

Estava num velório ontem a noite. Normalmente, eu já acho difícil encontrar o que falar para as pessoas, numa ocasião dessas então, nem me atrevo a abrir a boca. Podia sentar aqui e dizer como a morte do meu amigo me afetou. Mas não teve um efeito muito grande em mim. Acho que isso me assusta mais. Acho que era por isso sentia-me assim tão desconfortável durante o velório. Não pude falar com a família do rapaz, não consegui me arrastar até lá. Não o conheci tão bem quanto eu devia, quanto ele merecia. Que perda, a deles. Talvez maior fosse a minha. Nunca o conheci.

Um grupo de pessoas que eu conhecia estava ali ao lado, mas não me aproximei para conversar. Troquei alguns olhares pesados, num improviso teatral da minha parte. Apertei mãos com um fardo cuidadosamente estampado no rosto. Não sabia o que fazer. Tão indigno daquele lugar e daquelas pessoas eu era. Alguém se aproximou e começou a relatar o acidente de moto que causou toda a tristeza que nos cercava. Apertei-lhe a mão por um momento menor do que aquele que ela necessitava. A mão ficou a deriva por um breve instante, depois deslizou pelo ar procurando apoio. Não pude dar o conforto que eu não sentia. Tive que sair para o estacionamento.

Uma garota lá chamou a minha atenção. Com os olhos enxuvalhados ela fumava compulsivamente um cigarro, deixando-se ficar encostada na lateral de um carro. Como ela ficaria indignada se soubesse os pessamentos que passavam pela minha cabeça, ali no velório daquele cuja ausência a magoaria até onde eu não sei. Logo ela fugiu da vista de todos. Fiquei a imaginar quem ela seria e como eu pediria desculpas por continuar ali, se aquilo tudo claramente não significava nada para mim. Meu egoísmo atingia admiráveis novos níveis. Não pude entender por um momento sequer que meu papel ali não era sentir-me mal, mas demonstrar simpatia num momento em que outros estariam a buscar por ela. Fui embora.

Um comentário:

Anônimo disse...

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